Um tempo atrás, passou pela minha timeline um vídeo do Tarantino conversando com a Fiona Apple. Ou, melhor, do Tarantino fazendo um monólogo enquanto a Fiona Apple ouve, sem conseguir disfarçar o cansaço de conversar com um homem que fala muito e ouve pouco. Não é uma situação incomum pra qualquer mulher que convive com homens — especialmente heterossexuais, brancos, cis. Muito menos pra mulheres que se relacionam afetivamente com eles. Mal dá pra contar nos dedos das mãos quantas vezes eu ouvi um homem falar parágrafos e parágrafos e me ouvir por uma linha (enquanto ele tomava fôlego pra falar por mais muitos parágrafos). São homens que estão acostumados a estar nessa posição. Eles foram ouvidos a vida inteira. Eles aprenderam que a opinião deles importa bastante, que eles têm muito a dizer — e o mundo tem muito a escutar. São homens acostumados a falar, mas que sabem pouco ou nada sobre escuta.
Para mim o que mais pesa nisso tudo é o endurecimento que o machismo nos impõe. Para <tentar> ser ouvida e respeitada a gente precisa perder a nossa graciosidade e leveza. Isso é tão violento.
Os homens esmagam e ocupam todo o nosso espaço. E a gente tem que, a todo tempo, lutar para conseguir respirar e não ser pisoteada.
Nossa, sim, é como se a gente perdesse o direito a estar despreocupada também. Esses dias eu percebi que até evito ser simpática com homens desconhecidos na rua, porque não sei como eles podem interpretar essa simpatia. A gente é obrigada a endurecer mesmo.
Oi! Vou deixar a mesma dica que mandei pra Babi sobre os diários da Sylvia:
https://www.youtube.com/watch?v=vWzXUXD9pJo&t=813s&ab_channel=LiteraTamy
:)
Oba, que maravilha! Brigada, Paula!
Seus textos me descansam de alguma forma :)
Ahhhh, esse foi um dos comentários mais lindos que eu já recebi na vida! Brigada mesmo :,)
Maíra, também me sinto cansada.
Para mim o que mais pesa nisso tudo é o endurecimento que o machismo nos impõe. Para <tentar> ser ouvida e respeitada a gente precisa perder a nossa graciosidade e leveza. Isso é tão violento.
Os homens esmagam e ocupam todo o nosso espaço. E a gente tem que, a todo tempo, lutar para conseguir respirar e não ser pisoteada.
Um abraço com carinho.
Nossa, sim, é como se a gente perdesse o direito a estar despreocupada também. Esses dias eu percebi que até evito ser simpática com homens desconhecidos na rua, porque não sei como eles podem interpretar essa simpatia. A gente é obrigada a endurecer mesmo.