(Arte: Bonnie Marie Smith) Conversando com um amigo tempos atrás, me peguei dizendo: eu só consigo escrever quando tenho certeza que ninguém vai ler. Pra que a escrita funcione, preciso acreditar que aquilo que estou escrevendo não vai sair da gaveta jamais. Porque, se eu sentar pra escrever pensando no momento em que o texto vai ser lido, minha cabeça entra imediatamente num redemoinho de “o que as pessoas vão achar? e a pessoa X, será que ela vai ler? como a pessoa Y leria isso aqui?”, de forma que o texto deixa de ser o que eu queria que ele fosse e passa a ficar contaminado por uma série de projeções. Escrever com o medo de estar escrevendo algo péssimo ou com o desejo de escrever algo incrível são dois caminhos inviáveis pra mim: fico paralisada diante da página em branco, começo a duvidar de cada escolha de palavra, passo séculos decidindo uma mísera pontuação.
ADOREI esta edição <3 eu também encontro conforto na ideia de não ser lida. ainda mais pq meu trabalho clt é exibido pra uma galera. ainda morro de medo de cometer um erro bizarro e virar meme nacional (aquelas exageradas!).
e obrigada por compartilhar um trechinho da minha newsletter ;) fiquei felizona!
Hahaha medos contemporâneos: virar meme e ter um erro terrível eternizado na internet! Acho que as pessoas andam tão críticas também que fica ainda mais difícil a gente expor o que a gente cria. Porque é isso, você pode divulgar alguma coisa no twitter e de repente, com uma rapidez assustadora, viralizar de uma forma nada positiva.
Achei linda a noção de escrever fingindo que é só pra você, tirando o peso do julgamento do outro. Até porque, no fim das contas, o outro é só consequência. A gente escreve porque precisa mesmo. Obrigada pelo conteúdo e pelos links, sempre interessantes!
Amei o texto e a forma leve como você abordou! ❤️ Eu tô pra escrever um texto que também tem bastante a ver com isso, sobre as muitas ideias que não cheguei a concretizar e acabaram passando da validade. (Mas tô procrastinando tanto esse texto que se bobear ele passa da validade também, hahaha)
Me reconheço na "vergonha" depois de ser publicada. Por vezes penso em recolher todos os livros que vendi e desistir da ideia de ser escritora. E olha que eu não tenho muito problema em me mostrar, sou introspectiva E extrovertida... Mas sei lá. Parece que a seriedade em vender um livro impõe quase uma obrigação de ser 'gostada'. Tenho tentado não pensar muito nisso senão desisto inclusive da newsletter. Sigo escrevendo... Sem saber direito o que quero com isso!
Oi, Maíra! Espero que meu comentário te encontre bem <3
Tenho pensado muito sobre a escrita. Em 2016, escrevi um livro de poemas (acho ousado chamar de poesia, rs), publiquei e fui lida por familiares e amigos. Foi como se me vissem nua; eu mostrava ali coisas sobre as quais nunca tinha falado abertamente. Hoje, criei uma certa resistência com escrever. Tenho minha newsletter aqui no Substack, mas acho que criei um bloqueio com ela — e só percebi isso ao ler esse teu escrito. É difícil, né? Acho que é isso: estamos nos mostrando vulneráveis para o mundo, com nuances que normalmente guardamos dentro de nós.
Percebo – mais do que isso, sinto – o que este texto descreve: dar a ler, publicar aquilo que escrevemos pode ser um acto de verdadeira ou demasiada exposição, tal como estar nu perante estranhos. (ou, agora que penso nisso, pior ainda: estar nu perante conhecidos)
É uma travessia do Rubicão, que necessita de muita coragem ou alguma inconsciência para um passo que, uma vez dado, não permite retrocessos. Como se houvesse sempre um antes e um depois de publicar o que se escreve.
Apesar de nunca ter feito pára-quedismo ou bungee jumping (fico nervoso só de pensar), quando tenho o botão do Substack a dizer “publish” à minha frente, é como se estivesse numa plataforma, muitos metros acima do chão, com um elástico preso aos pés, ou num avião, de paraquedas às costas, e preciso de respirar fundo para me conseguir convencer a deixar-me cair. Segundo consta, aqueles que praticam estas actividades radicais fecham os olhos, deixam-se ir e confiam.
ADOREI esta edição <3 eu também encontro conforto na ideia de não ser lida. ainda mais pq meu trabalho clt é exibido pra uma galera. ainda morro de medo de cometer um erro bizarro e virar meme nacional (aquelas exageradas!).
e obrigada por compartilhar um trechinho da minha newsletter ;) fiquei felizona!
Hahaha medos contemporâneos: virar meme e ter um erro terrível eternizado na internet! Acho que as pessoas andam tão críticas também que fica ainda mais difícil a gente expor o que a gente cria. Porque é isso, você pode divulgar alguma coisa no twitter e de repente, com uma rapidez assustadora, viralizar de uma forma nada positiva.
exatamenteeee!
Maíra, mal conheço sua newsletter e já considero pacas! Sem querer comparar (juro que não estou), mas senti uma sintonia entre o que você disse e o que eu escrevi há uns meses: https://imaginaso.substack.com/p/imagina-so-pra-onde-vao-as-ideias
Achei linda a noção de escrever fingindo que é só pra você, tirando o peso do julgamento do outro. Até porque, no fim das contas, o outro é só consequência. A gente escreve porque precisa mesmo. Obrigada pelo conteúdo e pelos links, sempre interessantes!
Amei o texto e a forma leve como você abordou! ❤️ Eu tô pra escrever um texto que também tem bastante a ver com isso, sobre as muitas ideias que não cheguei a concretizar e acabaram passando da validade. (Mas tô procrastinando tanto esse texto que se bobear ele passa da validade também, hahaha)
Obrigadaaaa <3
Será que alguma ideia passa da validade ou a gente tá só maturando mesmo? Deixo aí a provocação haha
Beijos!
Me identifiquei demais nas suas palavras <3
Me reconheço na "vergonha" depois de ser publicada. Por vezes penso em recolher todos os livros que vendi e desistir da ideia de ser escritora. E olha que eu não tenho muito problema em me mostrar, sou introspectiva E extrovertida... Mas sei lá. Parece que a seriedade em vender um livro impõe quase uma obrigação de ser 'gostada'. Tenho tentado não pensar muito nisso senão desisto inclusive da newsletter. Sigo escrevendo... Sem saber direito o que quero com isso!
beijo.
Oi, Maíra! Espero que meu comentário te encontre bem <3
Tenho pensado muito sobre a escrita. Em 2016, escrevi um livro de poemas (acho ousado chamar de poesia, rs), publiquei e fui lida por familiares e amigos. Foi como se me vissem nua; eu mostrava ali coisas sobre as quais nunca tinha falado abertamente. Hoje, criei uma certa resistência com escrever. Tenho minha newsletter aqui no Substack, mas acho que criei um bloqueio com ela — e só percebi isso ao ler esse teu escrito. É difícil, né? Acho que é isso: estamos nos mostrando vulneráveis para o mundo, com nuances que normalmente guardamos dentro de nós.
Enfim, abraços e feliz 2023 :)
Gratidão pelo texto. Há um bem de significado para mim nessa semana! :)
Olá Maíra,
Percebo – mais do que isso, sinto – o que este texto descreve: dar a ler, publicar aquilo que escrevemos pode ser um acto de verdadeira ou demasiada exposição, tal como estar nu perante estranhos. (ou, agora que penso nisso, pior ainda: estar nu perante conhecidos)
É uma travessia do Rubicão, que necessita de muita coragem ou alguma inconsciência para um passo que, uma vez dado, não permite retrocessos. Como se houvesse sempre um antes e um depois de publicar o que se escreve.
Apesar de nunca ter feito pára-quedismo ou bungee jumping (fico nervoso só de pensar), quando tenho o botão do Substack a dizer “publish” à minha frente, é como se estivesse numa plataforma, muitos metros acima do chão, com um elástico preso aos pés, ou num avião, de paraquedas às costas, e preciso de respirar fundo para me conseguir convencer a deixar-me cair. Segundo consta, aqueles que praticam estas actividades radicais fecham os olhos, deixam-se ir e confiam.
Eu tento fazer o mesmo (nem sempre com sucesso).