03 de maio de 2018. O Instagram me mostra a memória de um story em que estou falando, risonha, enquanto faço uma tatuagem. No rosto, um focinho e duas orelhas de raposa. Era o meu filtro favorito antigamente. Hoje sinto falta desses filtros bobos de cachorros e gatos e raposas, tão criticados na época, mas tão mais inofensivos que os atuais e suas harmonizações faciais ilusórias. Sem olheiras, rosto mais fino, dentes brancos, nariz delicado e boca bem preenchida e rosada. Encaro essa fantasia de mim mesma sabendo que, se olhar por tempo demais, talvez não consiga voltar ao meu próprio rosto. E não consigo. É rápido e eficaz o canto da sereia. De repente, já não quero ser a eu do espelho, mas a eu que os filtros dizem que eu poderia ser.
May 9, 2023·edited May 9, 2023Liked by Maíra Ferreira
eu adoro como vc começa escrevendo sobre uma coisa muito pequena, num comentário quase corriqueiro, e vai construindo o alicerce para falar de algo grande.
te mandando abraço apertado daqui.
e muito obrigada por linkar a Segredos, me sinto mega lisonjeada.
esse seu texto conversou comigo de tantas maneiras! eu tive que trabalhar por muito tempo em terapia essa questão de corpos antigos não voltarem e é incrível que só quando estudei anatomia na faculdade que consegui entender que nosso corpo é tão lindo e único que só consigo sentir gratidão pelo meu, apesar de todos os dias ter que passar por esse processo de "não reconhecimento" também.
acho que o "é assim que me veem?" é o que mais assusta a gente. mas uma coisa que aprendi é que os outros tendem a olhar com mais carinho pra gente do que a gente mesma. nós que estamos com as 500 pedras nas mãos, prontas pra atirarmos contra nós mesmas.
''A pandemia nos isolou em muitos níveis. '' nossa concordo muito com essa parte.... me isolei de mim mesma que como resultado, terminei um namoro sem entender muito bem o que fazia ali... esperando os tais dias melhores...
Que edição boa! Guardei esse trecho na agenda: " Para me reconhecer, preciso aprender a, todos os dias, me estranhar primeiro." Sempre bom relembrar isso!
nossa, Maíra, essa newsletter parece que foi feita pra mim, principalmente o final. Essa semana eu tô na TPM e tô me achando tão mas tão feia, que eu fico me perguntando como posso ter namorado, amigos, uma vida (um pouco exagerada, sim). não sei se é pressão estética, filtros das redes sociais, traumas, hormônios, expectativa x realidade, mas que eu tô nessa pira eu tô. às vezes coloco a culpa na luz, no espelho, na câmera que não é de iphone, na umidade que deixa meus cabelos uó, e às vezes eu só aceito, penso em como não cobro (e não me importo) com isso em relação às pessoas que eu amo e me questiono pq ser bonita é tão importante. acho que não tem uma resposta ou uma solução pra isso. o que resta é acreditar que os momentos que a gente se acha a maior gostosa vão voltar (não são muitos, claro, mas acontecem). beijocas
eu adoro como vc começa escrevendo sobre uma coisa muito pequena, num comentário quase corriqueiro, e vai construindo o alicerce para falar de algo grande.
te mandando abraço apertado daqui.
e muito obrigada por linkar a Segredos, me sinto mega lisonjeada.
esse seu texto conversou comigo de tantas maneiras! eu tive que trabalhar por muito tempo em terapia essa questão de corpos antigos não voltarem e é incrível que só quando estudei anatomia na faculdade que consegui entender que nosso corpo é tão lindo e único que só consigo sentir gratidão pelo meu, apesar de todos os dias ter que passar por esse processo de "não reconhecimento" também.
acho que o "é assim que me veem?" é o que mais assusta a gente. mas uma coisa que aprendi é que os outros tendem a olhar com mais carinho pra gente do que a gente mesma. nós que estamos com as 500 pedras nas mãos, prontas pra atirarmos contra nós mesmas.
Esse aí é um dos assuntos que eu finjo que não me afetam e que não penso muito sobre. Que bom que alguém jogou na minha cara. :)
''A pandemia nos isolou em muitos níveis. '' nossa concordo muito com essa parte.... me isolei de mim mesma que como resultado, terminei um namoro sem entender muito bem o que fazia ali... esperando os tais dias melhores...
Que edição boa! Guardei esse trecho na agenda: " Para me reconhecer, preciso aprender a, todos os dias, me estranhar primeiro." Sempre bom relembrar isso!
nossa, Maíra, essa newsletter parece que foi feita pra mim, principalmente o final. Essa semana eu tô na TPM e tô me achando tão mas tão feia, que eu fico me perguntando como posso ter namorado, amigos, uma vida (um pouco exagerada, sim). não sei se é pressão estética, filtros das redes sociais, traumas, hormônios, expectativa x realidade, mas que eu tô nessa pira eu tô. às vezes coloco a culpa na luz, no espelho, na câmera que não é de iphone, na umidade que deixa meus cabelos uó, e às vezes eu só aceito, penso em como não cobro (e não me importo) com isso em relação às pessoas que eu amo e me questiono pq ser bonita é tão importante. acho que não tem uma resposta ou uma solução pra isso. o que resta é acreditar que os momentos que a gente se acha a maior gostosa vão voltar (não são muitos, claro, mas acontecem). beijocas